sexta-feira, 29 de julho de 2016

Beatas Carmelitas Missionárias, mártires de 1936 - 31 de julho


As quatro mártires carmelitas missionárias de L’Arrabassada, Barcelona

     Em L’Arrabassada, perto de Barcelona, também na Espanha, as beatas virgens da Congregação das Irmãs Carmelitas Missionárias e mártires, que, durante a perseguição religiosa, foram assassinadas por causa da sua fidelidade a Cristo Esposo.

     Em 1936, durante a guerra espanhola houve uma grande e devastadora perseguição a Igreja Católica, onde morreram martirizados Bispos, sacerdotes, seminaristas, religiosos, leigos, leigas em fidelidade a Fé em Jesus Cristo, entre eles, estão as Irmãs Carmelitas Missionárias.
     O Papa Bento XVI, em outubro de ano 2007, confirmou  o heroísmo e testemunho da sua Fé cristã proclamando-as Beatas e apresentando-as  ao mundo como sinal profético que estimula e fortalece a nossa fidelidade a Jesus Cristo.
     São estes os seus nomes: Ir. Esperança da Cruz (Teresa Subirá Sanjaume) de 61 anos; Ir. Daniela de São Barnabé (Vicenta Achurra Gogenola) de 46 anos; Ir. Gabriela de São João da Cruz (Francisca Pons Sardá) de 56 anos; e Ir. Maria do Refúgio de Santo Ângelo (Maria Roqueta Serra) de 58 anos.
     A Irmã Daniela havia professado seus votos perpétuos em 1921 e trabalhou em Las Corts, no Seminário da Diocese de Barcelona, no Asilo de Badalona, na assistência no Amparo de Santa Lucia (Barcelona) e finalmente na Casa Mãe de Gracia, Barcelona, assistindo a enfermos a domicílio, particularmente uma doente grave em Pedralbes, para onde viajava de bonde (transvia). Precisamente viajando com a Irmã Gabriela, foi denunciada por um empregado da companhia de transporte. Elas foram detidas e fuziladas em L’Arrabassada (Barcelona).
     A Irmã Gabriela tinha emitido seus votos perpétuos em 1913; aos familiares que lhe propunham voltar para casa diante do clima de violência anticlerical, dizia: “que estava disposta a dar a vida e a morrer com as Irmãs; que se Deus a tinha destinado ao martírio, Ele lhe daria a graça necessária”.
     Trabalhou no Hospital de Tárrega, no Asilo de Santa Lucia, em Santa Coloma de Queralt, no Seminário Diocesano, em Las Corts. Esteve uns anos em Villa Mercedes (Argentina), e finalmente, em 1936, na Casa Mãe de Gracia, Barcelona, destinada à serviço de enfermeira a domicílio, junto com Irmã Daniela.
     No mesmo dia, e supostamente pelo mesmo comitê, foi detida a superiora da Casa-Colégio de Vilarrodona, Irmã Esperança da Cruz, que havia feito seus votos perpétuos em 1902. Ir. Esperança da Cruz nasceu em 1875 em Ventolá, Girona. Trabalhou com doentes em Tárrega e de Alayor (Baleares), e no ensino em Sans e Vilarrodona (Tarragona).
    Junto com ela foi detida a Irmã Maria do Refúgio, que fizera sua profissão solene em 1904 e trabalhou em várias casas de Barcelona e Vilarrodona, da qual foi vigaria do colégio; e onde as duas experiências fizeram-na passar a ser “medrosa e acovardada diante do perigo do martírio, porém disposta ao que Deus quisesse” e a “desejar morrer por Ele e passar pelo martírio”.
     Ambas também foram fuziladas em L’Arrabassada.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Beata Maria Pierina de Michelli e a Sagrada Face de Jesus - 26 de julho

    
      Madre Maria Pierina de Michelli nasceu em Milão, Itália, em 11 de setembro de 1890 e faleceu em 26 de julho de 1945 aos 55 anos. Foi privilegiada com muitas visões da Virgem Maria e do próprio Jesus para espalhar a devoção à Sagrada Face, em reparação dos muitos insultos que Ele sofreu em Sua Paixão, e sofre ainda nos dias de hoje. Desde criança Irmã Pierina praticava atos de reparação, os quais aos poucos a levaram a uma imolação completa de si mesma.
     Seus restos mortais estão no Instituto Espírito Santo, em Roma. Sua morte não teve as características da morte dos homens em geral, foi uma passagem de amor, como ela mesma escreveu em seu diário no dia 19 de julho de 1941: "Sinto um desejo profundo de viver sempre unida a Jesus, para amá-lo intensamente, porque a minha morte só pode ser um transporte de amor ao meu esposo, Jesus”.
     Maria Pierina tomou o hábito das filhas da Imaculada Conceição no dia 14 de maio de 1914. Quando noviça ainda obteve licença para fazer a adoração noturna, e quando na noite de Quinta-Feira Santa estava rezando diante do Crucificado, escutou as palavras: “Beija-Me!” Irmã Maria Pierina obedeceu sem demora, e seus lábios, em vez de pousar sobre uma face de gesso, sentiram viva a Face de Jesus.
     A noite inteira passou na igreja, pois quando a Madre Superiora ali a encontrou já era de manhã. O coração abalado com o sofrimento de Jesus sentiu o desejo de reparar os ultrajes que Ele recebera na Sagrada Face e continua há receber a cada dia no Santíssimo Sacramento.
     Em 1919, a Irmã Maria Pierina foi enviada para a Casa Mãe, em Buenos Aires. No dia 12 de abril de 1920, quando ela reclamou a Jesus sobre a dor que sentia, Ele se apresentou a ela coberto de sangue e com uma expressão de ternura e de dor "que eu nunca vou esquecer", escreveu ela, Ele disse: "E eu, o que Eu fiz?"
     Com o passar dos anos, Jesus se lhe manifestava de vez em quando, ora triste, ora ensanguentado, pedindo sempre reparação. E foi por isso que o desejo de sofrer e de se sacrificar pelas almas cresceu mais e mais no coração de Irmã Pierina.
     Em carta ao Papa Pio XII, em 1943, por ocasião de uma visita ao trono de Pedro, Irmã Maria Pierina escreve: “Eu tinha doze anos quando, na Sexta-Feira Santa, esperava em minha paróquia a minha vez de beijar o crucifixo, e ouço uma voz distinta que diz: ‘Ninguém me dá um beijo de amor no rosto, para reparar o beijo de Judas?’Acreditei, na minha inocência de menina, que todos ouvissem a voz, e fiquei com muita pena vendo que continuavam a beijar as chagas e que ninguém pensava em beijá-lo no Rosto. Eu darei o beijo de amor, Jesus, tenha paciência. Na minha vez, apliquei-lhe um forte beijo no Rosto, com todo o ardor do meu coração. Eu estava feliz, acreditando que Jesus, agora contente, não sofreria mais aquela pena”.
     Assim ela conta, na carta a Pio XII: “Em 31 de maio de 1938, quando rezava na capelinha de meu noviciado, uma Bela Senhora se apresentou a mim; tinha nas mãos um escapulário formado por duas flanelinhas brancas, unidas por um cordão. Em uma estava a ‘imagem’ da Sagrada Face de Jesus e a frase: ‘Ilumina Domine Vultum Tuum super nos’ (Fazei resplandecer sua Face sobre nós) e na outra uma hóstia circundada por raios e com a frase: ‘Mane nobiscum Domine’ (Fica conosco, Senhor)”.
     Irmã Maria Pierina encontrou muita dificuldade em conseguir que seus superiores atendessem ao pedido de Maria Santíssima em fazer este escapulário. Não só se negaram a fazê-lo como também a proibiram de fazê-lo. Tinham-na por louca, desiquilibrada e não acreditavam nestas Aparições.
     Até que um dia a Madre Superiora do convento foi substituída. Irmã Maria Pierina então foi relatar a nova superiora as Mensagens e o pedido de Nossa Senhora em fazer o Escapulário. A princípio ela não acreditou, mas, depois, tocada pela vida e santidade da Irmã Maria Pierina, convenceu-se da veracidade das Aparições e concordou em ajudar.
     Contudo, disse à Irmã Maria Pierina: "Diga a Nossa Senhora que não posso fazer o Escapulário, mas, se Ela aceitar, farei uma Medalha da Sagrada Face com as inscrições que Ela pediu". Irmã Pierina então perguntou a Santíssima Virgem se Ela aceitaria a Medalha. Nossa Senhora aceitou.
     No dia 7 de abril de 1943 a santíssima Virgem lhe apareceu e disse: Minha filha, não se preocupe, pois o escapulário é substituído pela Medalha, com as mesmas promessas e favores. Só resta difundi-las mais ainda. Ora, interessa-me muito a festa da Sagrada Face de meu  Divino Filho. Diga-o ao Papa que esta festa tanto me interessa”. Em seguida abençoou-a e desapareceu.
     Após grandes dificuldades, obteve permissão para cunhar a medalha.  As despesas de encomenda  das medalhas foi um milagre: Irmã Pierina encontrou em sua mesa um envelope com a quantia exata de 11.200 liras, dinheiro necessário para cunhar as primeiras Medalhas.
     O demônio mostrou seu desgosto, ódio e raiva em ver as Medalhas prontas. Este infernal inimigo de Deus derrubou as Medalhas no chão, pelos corredores e pelas escadas, quebrou imagens e queimou as imagens da Sagrada Face e bateu na Irmã Pierina. Em vão, as Medalhas seguiram seu destino: os pecadores necessitados da Face do Senhor!
     Durante a Segunda Guerra Mundial, o mundo estava em turbulência. Neste período, na Itália, viu-se uma ampla distribuição desta medalha. A primeira medalha foi enviada ao Santo Padre e depois começou a distribuição e logo reconhecida como miraculosa.
     Parentes e amigos dos combatentes enviaram aos soldados, marinheiros e aviadores a réplica da Sagrada Face de Jesus. Homens, mulheres, crianças, jovens, velhos, sãos, enfermos, cristãos, bêbados e prisioneiros de guerra: todos  experimentaram seu prodigioso efeito.  Desde então, a medalha tornou-se famosa por seus milagres e grandes favores espirituais e temporais.
 “Quem Me contempla, Me consola”
     Durante a oração noturna da primeira sexta-feira da quaresma em 1936, Jesus, depois de havê-la feito participante das dores da agonia do Getsêmani, disse-lhe, mostrando sua Face coberta de sangue e tomada de grande tristeza: “Quero que Minha Face, que reflete a Minha íntima aflição de meu ânimo, a dor de Meu coração, seja mais honrada”. Jesus tornou a dizer-lhe: “Cada vez que se contemplar Minha Face, derramarei Meu Amor nos corações, e por meio de minha Sagrada Face obter-se-á a salvação de muitas almas”.
     Na primeira terça-feira (da paixão de 1937) depois de ter sido instruída na devoção da Sagrada Face, conforme ela escreveu, Jesus lhe disse: “Pode ser que algumas almas receiem que a devoção e o culto da Minha Face venha a diminuir a do Meu Coração. Diga-lhes que, ao contrário, será completada e aumentada. Contemplando a Minha Face, as almas participarão das Minhas dores e sentirão a necessidade de amar e reparar. Pois não é esta a verdadeira devoção ao Meu Coração?
     Madre Pierina de Micheli morreu no dia 26 de julho de 1945 na Casa da Santa Face em Centonara d’Artò (Novara). Foi beatificada na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, no dia 30 de maio de 2010.
     No dia 10 de janeiro de 1959, a Congregação dos Ritos em Roma, com a aprovação de João XXIII, concedeu aos Bispos e Sacerdotes do Brasil a aprovação para a festa da Sagrada Face, a ser comemorada na 3ª Feira de Carnaval, aprovando o texto da Missa. Podemos dizer que esta devoção já está espalhada pelo mundo inteiro. Ela é muito antiga, cheia de contemplação, de oração e intercessão.


sexta-feira, 22 de julho de 2016

Beata Luísa de Saboia, Viúva - 24 de julho


     Luísa provavelmente nasceu em Bourg-en-Bresse no dia 28 de julho de 1462, quinta de nove filhos do Beato Amadeu IX de Saboia e de Iolanda de França, irmã do rei Luís XI. Por parte da mãe era neta do Rei Carlos VII da França, sobrinha do Rei Luís XI e prima de Santa Joana de Valois.
     A capital do ducado era Chambery, mas a corte era itinerante para um controle direto dos territórios sob sua jurisdição. A Casa de Saboia já então era proprietária do Santo Sudário, tesouro precioso que acompanhava a corte em seus deslocamentos. Podemos imaginar toda a veneração de que esta relíquia era alvo por parte de Amadeu e da pequena Luísa.
     Extremamente religioso e magnânimo, depois de ter assegurado ao seu povo um longo período de paz, o Beato Amadeu morre em Vercelli no dia 30 de março de 1472, aos trinta e oito anos de idade. Luísa não tinha ainda dez. Herdou do pai uma fé profunda; a mãe, de caráter mais forte do que o esposo, tornara-se regente do ducado há alguns anos.
     A menina foi educada admiravelmente por sua mãe. Desde muito pequena dava mostras de possuir qualidades espirituais extraordinárias. Catarina de Saulx, uma das damas de honra de Luísa escreveu sobre ela as seguintes palavras: “Era tão doce e generosa, bem disposta e amável, que despertava o afeto de todos que se deixavam levar por sua atração e conquistar pelo seu encanto”.
     A doçura da jovem Luísa atraiu Hugo de Châlons-Arlay, Senhor de Château-Guyon catorze anos mais velho do que ela, membro do ramo deposto dos Senhores de Borgonha, hóspede em Chambery durante sete anos após ter caído em desgraça.
     Os eventos políticos daqueles tempos eram muito complicados, os interesses territoriais causavam numerosas guerras. Iolanda selara um pacto com Carlos o Temerário, Duque de Borgonha, mas sendo alvo de uma suspeita de complô, foi presa com os filhos pelo seu aliado (1476). Na solidão de uma prisão não tão rígida, Luísa fez um retiro e conheceu o franciscano Padre João Perrin, que no futuro teria muita importância para ela.
     Hugo visitou-a na prisão e entre eles foi crescendo o afeto. Embora Luísa começasse a desejar o retiro na clausura, foi o Padre Perrin quem a convenceu de que também no matrimônio ela poderia viver santamente.
     Entrementes, devido a intercessão do Rei Luís XI, Iolanda e os filhos foram libertados. Iolanda morreu no Castelo de Moncalieri no dia 29 de agosto de 1478. Luísa e a irmã Maria foram conduzidas à corte de Luís XI que se considerava tutor natural das sobrinhas. Ele tinha um interesse: o casamento da sobrinha com Hugo de Châlons significava ter um importante aliado. Luísa aquiesce.
     As núpcias foram celebradas solenemente em Dijon a 24 de agosto de 1479. Luísa tinha dezessete anos. O Castelo de Nozeroy foi escolhido para morada do novo casal. Hugo se tornara proprietário de um patrimônio considerável; nos arquivos de Arlay e de Besançon podemos tomar conhecimento das largas doações feitas pelo casal aos menos favorecidos.
     O Senhor de Nozeroy era um homem tão bom quanto rico. De acordo com sua esposa, impôs em seu castelo uma vida perfeitamente católica. Tanto por exemplo como por preceito, marido e mulher criarão um nível de vida moral e material para todos os que moravam em suas terras e dependiam deles de alguma maneira. Em contrate com os palácios e residências de outros nobres, o suntuoso palácio dos de Châlons parecia um mosteiro. Com grande empenho se combatia o costume de jurar ou de usar palavras grosseiras.
     Luísa foi a primeira dama a ter uma caixa para os pobres, na qual todos os que viviam ou visitavam sua casa tinham a obrigação de colocar dinheiro, caso jurassem ou dissessem palavras feias. Luísa prodigalizou grande caridade aos enfermos e necessitados, viúvas e órfãos, especialmente aos leprosos. Ela se dedicava pessoalmente na confecção de tecidos para distribuí-los aos pobres ou para ornamentar as igrejas.
     Nas vigílias das festas de Nossa Senhora, dizia Luísa, 365 Ave-Marias. Rezava muitas vezes o saltério. Confessava-se frequentemente e comungava nas festas. Muitas vezes, depois duma festa mundana, dizia: “Senhor Deus, quanto estou aborrecida! De tudo isto será preciso dar contas”. Os decotes desgostavam-na e ela proibia-os às suas damas. Não queria que se jogasse a dinheiro, mas tolerava, caso se tratasse de insignificâncias. E a quem perdia aconselhava: “Dê tudo por Deus, não conserve nada”.
     Enfim, a oração era o fundamento da união do casal. Tão feliz união, entretanto, durou somente dez anos: em 1490 a dor golpeia Luísa novamente. Depois de ter assistido seu esposo até seu sepultamento, restava a ela como único refugio a fé. O casal não tivera filhos; Luísa poderia viver como rica viúva no seu castelo, ou contrair um novo casamento, mas seu desejo maior era de consagrar-se ao Senhor.
     O Padre Perrin a guiou espiritualmente até seu ingresso no Mosteiro de Santa Clara de Orbe (Vaud, atual Suíça). Ela precisou de dois anos para colocar em ordem todos os assuntos; durante este período usou o hábito dos terciários franciscanos, aprendeu a rezar o Ofício Divino e se levantava a meia-noite para rezar Matinas. Toda sexta-feira se disciplinava. Distribuiu sua fortuna, contestou as objeções de seus parentes e amigos.
     Em vida do marido, na Quinta-feira Santa ele lavava os pés a treze pobres e ela a treze mulheres. Morrendo ele, ela manteve as treze mulheres da Semana Santa, mas acrescentou, em todas as sextas-feiras, a lavagem dos pés de cinco pobrezinhas, dando-lhes depois esmola.
     Finalmente, em 1492, acompanhada de suas duas damas de honra, Catarina de Saulx e Carlota de Saint-Maurice, foi admitida no Convento das Clarissas Pobres de Orbe. Este mosteiro havia sido fundado pela mãe de Hugo de Châlons, e desde 1427 era ocupado por uma comunidade de Santa Coleta, a reformadora francesa das Clarissas. Muitas vezes Luísa ali fora para rezar e visitar sua cunhada, Filipina, monja naquele mosteiro.
     O hábito simples franciscano substituiu as roupas preciosas. Tendo sido um modelo de donzela, de esposa e de viúva, Luísa se tornou um modelo de monja. Foi sempre uma religiosa exemplar. Grande era seu espírito de piedade e de oração, em uma atmosfera austera e pobre. Sua humildade era sincera e natural: lavava os pratos, varria, ajudava na cozinha, limpava os corredores e tudo fazia bem e com gosto. Com a mesma simplicidade e naturalidade aceitou e desempenhou o cargo de abadessa quando a elegeram. Neste cargo mostrou especial solicitude em servir aos frades de sua Ordem, e qualquer deles que chegassem a se hospedar no convento era atendido regiamente; a presença dos padres e dos irmãos era como uma bênção de Deus e nada podia faltar aos filhos do “bom pai São Francisco”.
     Escreveu meditações sobre o Rosário e é-lhe atribuído um pequeno tratado sobre a importância da fidelidade à Regra, e os sinais de tibieza num mosteiro. Citemos: “Quando se frequentam demais os locutórios... Quando se leem livros espirituais mais para aprender do que praticar; quando se leem capítulos por costume e se dizem culpas a fingir e não para procurar emenda... Quando se tem mais cuidado do exterior que do interior...”. Estes manuscritos foram levados pelas irmãs quando da transferência de Orbe para Evian, mas hoje estão desaparecidos.
     No último período de sua vida Santa Luísa sofreu diversas doenças. Morreu sussurrando o nome da Virgem Maria no dia 24 de julho de 1503. Tinha somente quarenta anos; foi sepultada no cemitério do convento. A fama de sua santidade logo se difunde; as primeiras notas biográficas foram escritas por Catarina de Saulx, sua companheira fiel por vinte anos, antes e depois da entrada no mosteiro.
     Quando em 1531 as monjas foram expulsas de Orbe, os seus despojos, bem como os da cunhada Filipina, foram colocados em uma única arca de carvalho, transportada para o convento franciscano de Nozeroy. Durante a nefasta Revolução Francesa o convento foi destruído e se perdeu qualquer pista dos túmulos.
     Em 1838, escavações foram feitas em busca da arca, a qual foi encontrada em boas condições. Os ossos de Luísa foram reconhecidos pelo médico David após uma escrupulosa perícia, baseada na altura e idade das duas falecidas. Foram confiadas ao Mons. Vogliotti, capelão régio, a fim de serem transportadas a Turim para serem colocadas, com as devidas honras, na capela interna do Palácio Real, na época paróquia, junto ao altar dedicado ao pai de Luísa, o Beato Amadeu IX (1840).
     O Papa Gregório XVI confirmou, em 1839, o culto prestado deste tempo imemorial à beata. Teve Ofício e Missa nas dioceses do antigo reino da Sardenha, a 11 de agosto, e entre os franciscanos, a 1º de outubro; ficou sendo festejada a 24 de julho.

Livro Santos de cada Dia, de www.jesuitas.pt

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Santa Praxeda, virgem e mártir - 21 de julho


    
     Santa Praxeda era uma dama romana cujo pai, São Prudêncio, foi convertido por São Paulo Apóstolo. Era irmã de Santa Pudenciana (ou Prudência), festejada dia 19 de maio.
     A vida destas mártires foi composta cerca dos séculos V-VI para uso dos clérigos e dos monges, destinadas às leituras edificantes. Os escritos chamados "Passionari" relatavam as vidas e os sofrimentos dos santos mártires e se difundiram largamente nos ambientes religiosos da Alta e Baixa Idade Média. A Gesta desta mártir e de sua irmã não tem real base histórica, mas a existência delas é certa, porque elas são mencionadas em muitos códigos antigos.
     A Gesta das duas irmãs mártires narra que Pastor, padre de Roma, escreveu a Timóteo, discípulo de São Paulo, que Prudêncio, "amigo dos Apóstolos", depois da morte de seus pais e da esposa, Savina, havia transformado sua casa em uma igreja com a ajuda daquele sacerdote.
     São Prudêncio morreu deixando quatro filhos: dois homens, Timóteo e Novato; e duas mulheres, Prudenciana e Praxeda. As duas damas, com a permissão do Padre Pastor e do Papa Pio I (140-155), construíram um batistério na igreja fundada pelo pai, convertendo e administrando o Batismo a numerosos empregados e a muitos pagãos. O Papa visitava amiúde a igreja e os fieis, celebrando a Missa nas suas intenções.
     Pudenciana morreu martirizada aos dezesseis anos de idade e foi enterrada nas catacumbas de Santa Priscila, perto de seu pai, na Via Salária.
     Algum tempo depois, também Novato adoeceu e antes de morrer doou os seus bens para Praxeda, Padre Pastor e ao Papa Pio I. Como o outro irmão, Timóteo, estava distante, uma carta foi escrita a ele pedindo aprovar a doação. Timóteo respondeu afirmativamente, deixando-os livre para usar os bens da família. Praxeda então obteve do Papa I aprovação para construir uma igreja nas termas de Novato. O Papa consentiu e consagrou-a a bem-aventurada virgem Pudenciana.
     Após a morte de sua irmã, Praxeda transformou seus palácios em igrejas para onde, dia e noite, os pagãos acorriam aos milhares pedindo o Batismo. A polícia imperial respeitava a residência de uma descendente dos Cornelii.
     Dois anos depois estourou outra perseguição e Praxeda escondeu na sua igreja muitos cristãos. O imperador Antonino (138-161), informado disto, mandou prender e condenar a morte muitos deles, incluindo o Pe. Semetrius. Praxeda providenciou o sepultamento deles, durante a noite, no cemitério de Priscila.
     A dama romana viu tudo desmoronar ao seu redor sem que ela própria fosse atingida. Praxeda voltou-se para Deus e pediu-Lhe para morrer, se isso lhe fosse vantajoso. Foi chamada, no décimo segundo dia das *calendas de agosto, a receber no Céu a recompensa por sua piedade. Seu corpo foi depositado pelo Pe. Pastor na sepultura de seu pai e de sua irmã nas catacumbas de Santa Priscila, na Via Salaria.
     Em 20 de janeiro de 817, o Papa Pascoal I mandou transferir os corpos de 2.300 mártires das catacumbas ou cemitérios, para o interior da cidade, para preservá-los das devastações e dos sacrilégios já verificados durante a invasão dos Longobardos. As relíquias foram distribuídas nas várias igrejas de Roma.
     As relíquias de Santa Pudenciana foram colocadas na Igreja de São Prudente, seu pai, e a de Santa Praxeda na igreja de seu nome. Uma das mais antigas representações das duas Santas irmãs é um afresco do século IX, encontrado em 1891 na Igreja Pudenciana, que as representa junto a São Pedro.
     Praxeda é celebrada pela Igreja no dia 21 de julho, dia de sua morte. Uma igreja lhe foi consagrada, reconstruída pelo Papa Pascal I em 822, e que hoje é a Basílica de Santa Praxeda de Roma. Segundo a tradição, nesta basílica é conservado um pedaço da coluna na qual teria ocorrido a flagelação de Cristo.

Etimologia: O nome Praxedes, masculino, tem origem no grego, prâxis, "o do trabalho, ativo, laborioso, prático. O feminino é Praxeda.



*As calendas, no antigo calendário romano, eram o primeiro dia de cada mês quando ocorria a lua nova. Havia três dias fixos: as calendas, as nonas (quinto ou sétimo dia, de acordo com o mês) e idos (13º ou 15º dia, conforme o mês). Dos idos é que provém a expressão "nos idos de setembro" para expressar uma data para a segunda metade do mês. É desta palavra que se originou o termo calendário e a expressão calendas gregas, representando um dia que jamais chegará, pois era inexistente no calendário grego.

terça-feira, 19 de julho de 2016

Santa Áurea de Córdoba, mártir - 19 de julho


Martirológio Romano: Em Córdoba, na Andaluzia, Espanha, Santa Áurea, virgem, irmã dos santos mártires Adolfo e João, que, durante a perseguição dos mouros, conduzida diante do juiz cedeu por temor, mas, penitenciando-se em seguida, superou o inimigo em um novo combate com a efusão de seu sangue.


     Foi vítima da perseguição que desencadeou o califa Maomé I (852-880).
     As Atas de Áurea, que sofreu o martírio em Córdoba em 19 de julho de 856, foram consignadas por Santo Eulógio, ele também de Córdoba, morto por ódio à Fé em 11 de março de 859, portanto são informações de um contemporâneo e de um concidadão, dignas de toda credibilidade.
     Santa Áurea nasceu em Sevilha, em uma nobre família na qual a maior parte era de maometanos, porém sua mãe Artemisa, era cristã de comprovada virtude, e foi ela quem a educou nas santas verdades dos Evangelhos; mais tarde Áurea demostraria com sua vida e gloriosa morte ser digna de gozar da eterna graça.
     Áurea era irmã dos santos mártires Adolfo e João, mortos em 27 de setembro de 825 ou 826, e filha de Santa Artemisa, que, depois da morte do marido, um moçárabe de boas condições financeiras, se retirou no Mosteiro de Santa Maria de Cuteclara, nos arredores de Córdoba, junto com a filha.
     Segundo Santo Eulógio, Áurea vivia no mosteiro “per anos fere triginta et amplius” (havia uns 30 anos). Tendo nascido de um matrimônio misto, ela pertencia, segundo a lei da religião maometana, àquela de seu pai, e a sua adesão à religião católica era considerada uma “apostasia” punida com a morte.
     Sua elevada situação social e os muitos parentes seus que seguiam a religião muçulmana, foram os motivos pelos quais ninguém havia atrevido a delatá-la; porém, tendo chegado aos ouvidos dos seus parentes em Sevilha a notícia de sua fé, usando o subterfúgio de seu parentesco, foram visitá-la para comprovar o que haviam escutado. Os parentes de Áurea descobriram que ela não só era cristã, mas também uma fervorosa religiosa, e procuraram convencê-la a se converter em seguidora do falso profeta. Como não alcançaram sucesso, delataram-na.
     Governava então o Califado do Ocidente Maomé I (852-880), filho de Abdrrahman, célebre pela terrível perseguição que empreendeu contra os cristãos.
     Conduzida ao tribunal muçulmano e ameaçada pelos mais duros suplícios, Áurea teve um momento de fraqueza e negou a Fé. Liberada, voltou para o mosteiro, onde fez penitência pelo seu erro. Novamente levada ao tribunal, desta vez confessou com firmeza a própria Fé, proclamando que ela era mais cristã do que nunca. Foi decapitada e o seu corpo foi lançado ao Guadalquivir.
     A festa de Santa Áurea é celebrada no dia 19 de julho em Córdoba.

Fontes:www.santiebeati.it; http://es.catholic.net/op/articulos/36841/urea-de-crdoba-santa.html

domingo, 17 de julho de 2016

Beata Teresa de Sto. Agostinho e Companheiras, Mártires - 17 de julho

    
     O mosteiro das carmelitas de Compiègne, França, vivia entregue ao espírito de oração, de silêncio e de renúncia, quando rebentou a Revolução Francesa.
     Em 13 de fevereiro de 1790 um decreto suprime as ordens religiosas; as carmelitas deviam deixar o mosteiro, mas todas afirmam “querer viver e morrer naquela casa santa”. A 4 de agosto de 1790, os membros do diretório do distrito procederam ao inventário dos bens da comunidade. As religiosas foram “convidadas” a despir o hábito e a abandonar o mosteiro.  Cinco dias mais tarde, a conselho da Câmara, todas assinaram o juramento de Liberdade-Igualdade.  Desde então, vivem dispersas.
     Um século antes, uma Irmã chamada Elisabeth Batista vira em sonho todas as religiosas do seu convento na glória, revestidas do manto branco e tendo uma palma na mão...  Reservava-lhes o céu a honra do martírio?
     Durante o ano de 1792, as monjas fizeram um ato de consagração pelo qual se oferecia a comunidade “em holocausto para apaziguar a ira de Deus e para que a divina paz, que o Seu querido Filho tinha vindo trazer ao mundo, fosse transmitida à Igreja e ao Estado”.  E cada dia era renovada a consagração, mantendo uma chama que não devia extinguir-se em cada uma, senão sob o cutelo da guilhotina.
     Todavia, mesmo dispersas, a regularidade da vida de cada grupo não passou despercebida aos jacobinos de Compiègne.  Decidiram estes fazer uma inspeção, durante a qual se apoderaram de vários elementos que lhes pareceram gravemente comprometedores: cartas de padres em que se tratava de novenas, escapulários e direção espiritual, um retrato de Luís XVI e imagens do Sagrado Coração. O grupo revolucionário, “considerando que as anteriormente religiosas, com desprezo das leis, viviam em comunidade”; que as correspondências provavam “que elas tramavam em segredo pelo restabelecimento da monarquia e pela aniquilação da república”, mandou deter as religiosas e mantê-las incomunicáveis.
     A 22 de junho de 1794, foram encerradas no Mosteiro da Visitação, transformado em cárcere.  Lá, as reclusas retrataram o juramento feito de Liberdade-Igualdade, “preferindo mil vezes morrer a manterem-se culpadas de tal juramento”. E julgaram-se felizes por terem retomado em comum os exercícios da Regra.  Mas esta consolação depressa lhes seria tirada.
     A 12 de julho, chegava a Compiègne a ordem da Comissão de Salvação Pública para serem levadas a Paris.  Sem lhes ser permitido acabar a sua frugal refeição, nem mudar os vestuários molhados por causa duma barrela que faziam, meteram-nas todas em duas carroças, ficando elas com as mãos presas atrás das costas.  O cortejo chegou à Paris no dia seguinte, pelas três horas da tarde, à Conciergerie, a prisão anexa ao palácio da justiça.
     Uma religiosa octogenária e doente, com os membros entorpecidos por demorada imobilidade, não sabia como descer da carroça. Impacientes, os carreteiros pegaram nela e atiraram-na ao chão com brutalidade.  Ergueu-se toda ensanguentada, mas contentou-se com dizer aos que a tinham tratado assim: “Acreditai que não vos quero mal por isto. Ao contrário, quero-vos muito bem porque não me matastes, pois, se eu tivesse morrido, teria perdido a felicidade e a glória do martírio”.
     Na Conciergerie, como em Compiègne, prosseguiram as 16 carmelitas em observar a regra; testemunha digna de fé asseverou que “eram ouvidas todas as noites, às 2 da manhã, rezar o Ofício”.  A 16 de julho, celebraram a festa de Nossa Senhora do Carmo com tal entusiasmo que, segundo afirmou um preso, “a véspera da morte parecia para elas um dia de grande festa”.
     À tarde foram avisadas que iriam comparecer, no dia seguinte, diante do tribunal revolucionário.  Realmente, este conselho ouviu nesse dia o acusador público lançar contra as rés um requisitório dos mais violentos: “Embora separadas pelos domicílios, formavam conciliábulos de contra-revolução entre elas e outras que a si reuniam. Viviam sob a obediência duma superiora e, quanto aos seus princípios e votos, bastava ler as cartas e os escritos delas”.
     Depois de breve interrogatório e sem ouvir testemunhas, o tribunal condenou à morte as 16 carmelitas.  E como, sem se perturbar, uma religiosa perguntasse ao presidente o que se devia entender pela palavra ‘fanático’ que figurava no texto do julgamento, recebeu esta confissão, que devia enchê-las de alegria inexprimível: “Entendo por essa palavra o vosso apego a essas crenças pueris, às vossas loucas práticas de religião”.  Era isto que lhes merecia a palma do martírio!
     Uma hora depois, subiram elas para as carroças que as levaram à Praça do Trono Derrubado (Praça da Nação).  Enquanto, à passagem delas, uma multidão contraditória exprimia sentimentos diversos – desde gritos e injúrias até à admiração – elas, indiferentes e serenas, cantaram o Miserere e depois a Salve Rainha.  Chegadas à base do cadafalso entoam o Te Deum, o canto de ação de graças, a que juntam o Veni Creator.  Depois, renovam as promessas do batismo e os votos de religião.
     Mas eis que uma jovem noviça se ajoelha diante da prioresa. Com tanta simplicidade como fazia dentro das paredes do convento, pede-lhe a bênção e a licença de morrer. Em seguida, cantando o salmo Laudate Dominum omnes gentes, sobe os degraus do cadafalso. Sucessivamente, as outras religiosas observam o mesmo cerimonial e vêm receber a bênção da Madre Teresa de Santo Agostinho. Esta, em último lugar, depois de ver todas as suas filhas dar a Deus a maior prova de amor, confia a sua cabeça aos algozes.
     Assim pereceram, na tarde de 17 de julho de 1794. O sacrifício, das que se tinham generosamente oferecido em holocausto “pela paz da Igreja e da França”, não foi em vão.  De fato, “somente dez dias após o suplício delas, cessava a tormenta que, ao longo de dois anos, tinha espalhado pelo solo da França o sangue dos filhos da França” (Decreto de declaração do martírio, 24 de junho de 1905).
     São Pio X, a 10 de dezembro de 1905, declarou beatas aquelas que “desde que foram expulsas, continuaram a viver como religiosas e a honrar, com muitas devoções, o Sagrado Coração”.

*  *  *

Os nomes das Beatas são os seguintes:
 - Anne-Marie Madeleine Thouret (Irmã Carlota da Ressurreição) * em Mouy, 16/9/1715, professou 19/8/1740, sub-priora em 1764 e 1778. Sacristã da capela do Convento.
 - Anne Petras (Irmã Maria Enriqueta da Providência) * em Carjarc, 17/6/1760, professou em 22/10/1786
 - Marie-Geneviève Meunier (Irmã Constance) * em Saint Denis, 28/5/1765, noviça, tomou o hábito em 16/12/1788 (ela sobe os degraus do cadafalso cantando o Salmo Laudate Dominum omnes gentes)
 - Rose-Chrétien de la Neuville (Irmã Julia Luisa de Jesús) * Evreux, 1741, casou-se jovem, enviuvou, entrou para o Carmelo e professou em 1777
 - Marie Claude Cyprienne Brard ou Catherine Charlotte Brard (Irmã Euphrasia da Imaculada Conceição) * 1736 em Bourth, professou em 1757
 - Madeleine-Claudine Ledoine (Madre Teresa de Santo Agostinho), priora, * em Paris, 22/9/1752, professou em 16 ou 17/5/1775
 - Marie-Anne (ou Antoinette) Brideau (Madre São Luís), sub-priora, * em Belfort, 7/12/1752, professou em 3/9/1771
 - Marie-Anne Piedcourt (Irmã de Jesus Crucificado), religiosa do coro, * 1715, professou 1737; ao subir no cadafalso ela disse: "Eu perdôo vocês do mesmo modo como desejo que Deus me perdoe".
 - Marie-Antoniette ou Anne Hanisset (Irmã Teresa do Sagrado Coração de Maria) * em Rheims, 1740 ou 1742, professou em 1764
 - Marie-Françoise Gabrielle de Croissy (Madre Henriette de Jesus), * em Paris, 18/6/1745, professou 22/2/1764, priora de 1779 a 1785
 - Marie-Gabrielle Trézel (Irmã Teresa de Sto. Inácio), religiosa do coro, * em Compiègne, 4/4/1743, professou 12/12/1771

Havia ainda três irmãs leigas:
 - Angélique Roussel (Irmã Maria do Espírito Santo) * em Fresnes, 4/8/1742, professou em 14/5/1769
 - Julie ou Juliette Vérolot (Irmã São Francisco Xavier) * em Laignes ou Lignières, 11/1/1764, professou 12/1/1789
 - Marie Dufour (Irmã Santa Marta) * em Beaume, 1 ou 2/10/1742, entrou na comunidade em 1771

E duas serventes que não eram Carmelitas, mas ocupavam-se dos trabalhos na comunidade:
  - Catherine Soiron, * 2/2/1742 em Compiègne
  - Teresa Soiron, * 23/1/1748 em Compiègne

sábado, 16 de julho de 2016

Nossa Senhora do Carmo - 16 de julho

    
     A palavra Carmelo (em hebraico, "carmo" significa vinha; e "elo" significa senhor; portanto, "Vinha do Senhor") nos leva para esta famosa montanha da Palestina, onde o Profeta Elias e seu sucessor Elizeu fizeram história com Deus e com Nossa Senhora, que foi prefigurada por uma nuvenzinha branca que, num período de grande seca, prenunciava a chuva redentora que cairia sobre a terra ressequida (cf I Rs 18,20-45).
     Por uma intuição sobrenatural, o Profeta Elias soube que aquela simples nuvem, com forma de uma pegada humana, simbolizava aquela mulher bendita, predita depois pelo Profeta Isaías (“Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho”), que seria a Mãe do Redentor. Do seu seio virginal sairia Aquele que, lavando com seu sangue a terra ressequida pelo pecado, abriria aos homens a vida da graça.
     Estes profetas foram "participantes" da obra Carmelita, que só vingou devido à intervenção de Maria, pois a parte dos monges do Carmelo que sobreviveram (século XII) da perseguição dos muçulmanos, fugiram para a Europa e radicaram-se em vários países entre eles a Inglaterra. Dos seguidores de Elias e seus continuadores, de acordo com a tradição, nasceu a Ordem do Carmo, da qual Maria Santíssima é a Mãe e o esplendor, segundo as palavras também de Isaías “A glória do Líbano lhe será dada, o esplendor do Carmelo e de Saron” (Is 35, 2).
     São Luís IX, rei da França, subiu ao Monte Carmelo. Encontrou-se com aqueles eremitas e ficou encantado quando lhe contam que sua origem remonta ao Profeta Elias, levando uma vida austera de oração e penitência, cultivando ardente devoção à Nossa Senhora. Trinta anos, antes de São Luís IX subir ao Monte Carmelo, dois cruzados ingleses levaram para a Inglaterra alguns monges.
São Simão Stock
    Na Inglaterra vivia um homem penitente, como o Profeta Elias, austero como João Batista. Chamava-se Simão. Mas, diante de sua vida solitária na convexidade de uma árvore no seio da floresta, deram-lhe o apelido de Stock.
     Simão nasceu no ano de 1165 no castelo de Harford, no condado de Kent, Inglaterra, em atenção às preces de seus piedosos pais, que uniam a mais alta nobreza à virtude. Alguns escritores julgam mesmo que tinham parentesco com a família real.
     Sua mãe consagrou-o à Santíssima Virgem desde antes de nascer. Em reconhecimento a Ela pelo feliz parto, e para pedir sua especial proteção para o filhinho, a jovem mãe, antes de o amamentar, oferecia-o à Virgem, rezando de joelhos uma Ave-Maria. Bela atitude de uma senhora altamente nobre!
     O menino aprendeu a ler com pouquíssima idade. A exemplo de seus pais, começou a rezar o Pequeno Ofício da Santíssima Virgem, e logo também o Saltério. Esse verdadeiro pequeno gênio, aos sete anos de idade iniciou o estudo das Belas Artes no Colégio de Oxford, com tanto sucesso, que surpreendeu os professores. Foi também nessa época admitido à Mesa Eucarística, e consagrou sua virgindade à Santíssima Virgem.
     Perseguido pela inveja do irmão mais velho, e atendendo a uma voz interior que lhe inspirava o desejo de abandonar o mundo, deixou o lar paterno aos 12 anos, encontrando refúgio numa floresta onde viveu inteiramente isolado durante 20 anos, em oração e penitência.
     Nossa Senhora revelou-lhe então seu desejo de que ele se juntasse a certos monges que viriam do Monte Carmelo, na Palestina, à Inglaterra, “sobretudo porque aqueles religiosos estavam consagrados de um modo especial à Mãe de Deus”. Simão saiu de sua solidão e, obedecendo também a uma ordem do Céu, estudou teologia, recebendo as sagradas ordens. Dedicou-se à pregação, até que finalmente chegaram dois frades carmelitas no ano de 1213. Ele pôde então receber o hábito da Ordem, em Aylesford.
     Em 1215, tendo chegado aos ouvidos de São Brocardo, Geral latino do Carmo, a fama das virtudes de Simão, quis tê-lo como coadjutor na direção da Ordem; em 1226, nomeou-o Vigário-Geral de todas as províncias europeias.
     São Simão teve que enfrentar uma verdadeira tormenta contra os carmelitas na Europa, suscitada pelo demônio através de homens ditos zelosos pelas leis da Igreja, os quais queriam a todo custo suprimir a Ordem sob vários pretextos. Mas o Sumo Pontífice, mediante uma bula, declarou legítima e conforme aos decretos de Latrão a existência legal da Ordem dos Carmelitas, e a autorizou a continuar suas fundações na Europa.
     São Simão participou do Capítulo Geral da Ordem na Terra Santa, em 1237. Em um novo Capítulo, em 1245, foi eleito 6° Prior-Geral dos Carmelitas.
A Aparição da Mãe de Deus a São Simão Stock.
     Após a algum tempo de calmaria, as perseguições reiniciaram com mais intensidade. Na falta de auxílio humano, São Simão recorria à Virgem Santíssima com toda a tristeza de seu coração, pedindo-Lhe que fosse solícita à sua Ordem, tão provada, e que desse um sinal de sua aliança com ela.

     Na manhã do dia 16 de julho de 1251, suplicava com maior empenho à Mãe do Carmelo sua proteção, recitando a bela oração por ele composta: "Flor do Carmelo, Vinha florífera, Esplendor do céu, Virgem fecunda, singular. Ó Mãe benigna, sem conhecer varão, aos Carmelitas dá privilégio, Estrela do Mar!"
     Terminada esta prece, levanta os olhos marejados de lágrimas, vê a cela encher-se, subitamente, de luz. Rodeada de anjos, em grande cortejo, apareceu-lhe a Virgem Santíssima, revestida de esplendor, trazendo nas mãos o Escapulário dizendo a São Simão Stock, com inexprimível ternura maternal:

     “Recebe, diletíssimo filho, este Escapulário de tua Ordem como sinal distintivo e a marca do privilégio que eu obtive para ti e para todos os filhos do Carmelo; é um sinal de salvação, uma salvaguarda nos perigos, aliança de paz e de uma proteção sempiterna. Quem morrer revestido com ele será preservado do fogo eterno’’.
     Essa graça especialíssima foi imediatamente difundida nos lugares onde os carmelitas estavam estabelecidos, e autenticada por muitos milagres que, ocorrendo por toda parte, fizeram calar os adversários dos Irmãos da Santíssima Virgem do Monte Carmelo.
     São Simão Stock atingiu extrema idade e altíssima santidade, operando inúmeros milagres, tendo também obtido o dom das línguas; foi chamado a pátria celeste por Deus em 16 de maio de 1265.
     Nossa Senhora voltou ao céu e o Escapulário permaneceu como sinal de Maria. Na última aparição de Lourdes e de Fátima, Nossa Senhora traz o Escapulário.
     São passados mais de 750 anos, desde o dia 16 de julho de 1251. Todos os que trouxeram o Escapulário, com verdadeira piedade, com sincero desejo de perfeição cristã, com sinais de conversão, sempre foram protegidos na alma e no corpo contra tantos perigos que ameaçam a vida espiritual e corporal. É só ler os anais carmelitanos para provar a proteção e a assistência de Maria Santíssima.
     O Escapulário é a devoção de papas e reis, de pobres e plebeus, de homens cultos e analfabetos. É a devoção de todos. Foi a devoção de São Luís IX, de Luís XIII, Luís XIV da França, Carlos VII, Filipe I e Filipe III da Espanha, Leopoldo I da Alemanha, Dom João I, de Portugal.
     John Mathias Haffert, autor do livro "Maria na sua Promessa do Escapulário", entrevistou a Irmã Carmelita Lúcia, a vidente de Fátima ainda viva e perguntou, por que na última aparição Nossa Senhora segurava o escapulário na mão?
     Irmã Lúcia respondeu simplesmente: "É que Nossa Senhora quer que todos usem o Escapulário".
As promessas específicas de Nossa Senhora do Carmo 
     Primeira: Quem morrer com o Escapulário não padecerá o fogo do inferno.
     # Em primeiro lugar, ao fazer a sua promessa, Maria não quer dizer que uma pessoa que morra em pecado mortal se salvará. A morte em pecado mortal e a condenação são uma e a mesma coisa. A promessa de Maria traduz-se, sem dúvida, por estas outras palavras: “Quem morrer revestido do Escapulário, não morrerá em pecado mortal”.
     Para tornar isto claro, a Igreja insere, muitas vezes, a palavra “piamente” na promessa: “aquele que morrer piamente não padecerá do fogo do inferno”.
     Segunda: Nossa Senhora livrará do Purgatório quem portar seu Escapulário, no primeiro sábado após sua morte.
     # Embora às vezes se interprete este privilégio ao pé da letra, isto é, que a pessoa será livre do Purgatório no primeiro sábado após sua morte, “tudo que a Igreja, tem para explicar estas palavras, tem dito oficialmente em várias ocasiões, é que aqueles que cumprem as condições do Privilégio Sabatino serão, por intercessão de Nossa Senhora, libertos do Purgatório pouco tempo depois da morte, e especialmente no sábado”. De qualquer modo, se formos fiéis em observar as palavras da Virgem Santíssima, Ela será muito mais fiel em observar as suas. 
O que significa
 
    O escapulário do Carmo é um sinal externo de devoção mariana, que consiste na consagração à Santíssima Virgem Maria pela inscrição na Ordem Carmelita, na esperança de sua proteção maternal.
     O distintivo externo desta inscrição ou consagração é o pequeno escapulário marrom.
     Quem veste o escapulário deve procurar ter sempre presente a Santíssima Virgem e tratar de copiar suas virtudes, sua vida e atuar como Ela, Maria, atuou, segundo suas palavras:  Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo tua palavra.
     O escapulário do Carmo é um memorial de todas as virtudes de Maria.  

Fonte (excertos)
www.obradoespiritosanto.com;http://www.derradeirasgracas.com/4.%20Apari%C3%A7%C3%B5es%20de%20N%20Senhora/Nossa%20Senhora%20do%20Carmo.htm